[Resenha] A menina que tinha dons, de M. R. Carey

05 março 2015
Páginas: 384
Lançamento: 2014
Editora: Rocco
Classificação:  

Sinopse: Num futuro distópico, em que a maioria da humanidade foi exterminada, um grupo de crianças vive confinado numa base militar. Todas as manhãs elas aguardam em suas celas o sargento Parks vir com uma arma apontada e mais dois de seus homens para afivelá-las — tornozelos, pulsos e pescoço — à cadeira de rodas que as levará para a aula. Certa vez, Melanie, a mais inteligente delas, brincou dizendo que não iria mordê-los. Ninguém riu. Sabiam que o cheiro de carne humana era o estopim para que ela perdesse o controle e entrasse num estado de muita, muita “fome”!

A menina que tinha dons conta a história de Melanie, uma doce menina de 10 anos, extremamente inteligente, que ama sua professora. Uma menina que não sabe por que a vida dela é tão diferente das histórias que as contam dos livros. Uma menina que nunca comeu bolo, nem chocolate, apenas larvas, e só aos dias de domingo. Uma menina que não sabe por que sente tanta fome quando sente o cheiro da unica pessoa que ela ama. Este livro não é sobre zumbis, mas você vai encontrar muitos nele. Este livro é sobre inocência, sobre perdão e recomeço.
Melanie faz parte de um estudo realizado com crianças que de alguma forma tem imunidade parcial ao fungo mutante que está transformando as pessoas em famintos, essa imudidade permite que eles possam pensar, se comunicar e aprender, mas isso não significa que ele não sintam fome. Ela tem uma rotina rígida: aula de segunda à sexta, comida e banhos aos domingos, sempre amarrada a uma cadeira de rodas, e no restante do tempo fica presa em sua cela quase vazia. Ela ama sua professora Justineau como se fosse uma mãe, e apesar de ser tão inteligente é extremamente inocente quanto a sua realidade.

O melhor dia da semana é quando a Srta. Justineau dá aula. Nem sempre é o mesmo dia e em algumas semanas ela nem aparece, mas sempre que é empurada na cadeira para a sala de aula e vê a Srta. Justineau ali, Melanie sente uma onda de pura felicidade, como se seu coração voasse dela para o céu.
Isso muda quando elas são obrigadas a fugir da base militar em um grupo e enfrentar de frente os famintos para tentar chegar a um lugar seguro. Durante essa jornada Melanie descobre sobre o que realmente é e passa a enfrentar os desafios dessa nova descoberta, mas ao mesmo tempo ela está tendo pela primeira vez a oportunidade de ver o mundo pelo lado de fora, e isso é maravilhoso.

O que mais gostei nesse livro foi que ele é muito crível, ele realmente de deixa com medo que o fungo Ophiocordyceps unilateralis possa realmente sofrer uma mutação e transformar os seres humanos em famintos. O livro dá muitas explicações científicas sobre a infestação e às vezes usa palavras bem difíceis, mas não acho que isso tenha prejudicado a leitura.
A maioria dos infectados com o patógeno experimenta seu pleno efeito quase instantaneamente, minutos depois, no máximo horas, quando o senso e a conciência de si se desativam permanentemente e irrevogavelmente. Isso acontece mesmo antes que os filamentos do fungo penetrem no tecido do cérebro; suas secreções, mimetizando os neurotransmissores do cérebro, fazem a maior parte do trabalho sujo. Mínimas bolinhas químicas de de demoliçãobatendo no edifício do sself até que ele se racha e esfarela, desintegrando-se. O que resta é um brinquedo de corda, que só se mexe quando o Cordyceps gira a chave.
Se tem uma coisa que, para mim pelo menos, não foi perfeita, é que ele é narrado em terceira pessoa, isso acaba formando uma barreira e você não consegue se conectar tão bem aos personagens. Eu não senti uma incrível "fome" de leitura com esse livro, não devorei ele em poucas horas como às vezes faço, mas houveram momentos em que fiquei muito tensa e queria muito saber o final, e NOSSA! Esse final foi incrível, no ultimo momento tudo muda de rumo e você ainda nem entendeu o que estava acontecendo, até que já aconteceu e o livro já acabou!

No fim das contas eu não sabia se dava 4 ou 5 estrelas pra esse livro, e se não fosse pelo final, provavelmente seriam 4, mas como esse final foi simplesmente GENIAL ele mereçe as 5 que ganhou. Eu recomendo com certeza esse livro, não só por esse mundo cruel e frio povoado por criaturas famintas, mas principalmente por Melanie, essa criança faminta que tanto me conquistou com sua bondade e inteligência.

Boa leitura!

Nenhum comentário

Postar um comentário

 
Desenvolvido por Michelly Melo.